08 /04 /2018 – Primeiro dia
– Décima Terceira Semana de 2018
A palavra fome, do latim faminem, é o nome dado à sensação
fisiológica pela qual o corpo percebe que necessita de alimento para manter as
atividades necessárias à vida.
Apetite como vontade de comer, um fenômeno instintivo, o
impulso, a motivação para nos alimentarmos. Pode também ser entendida como um
desejo por um alimento em particular, encontrando-se ligada mais à qualidade do
que se come e não à quantidade.
Sentir fome, ter apetite (vontade de comer) podem e devem estar
juntas; imagine o que seria apenas comer por obrigação, como forma de abastecimento,
do corpo, desprovida de vontade, de satisfação…
Nós comemos por várias razões, que não apenas físicas ou em
resposta a necessidade de energia e nutrientes; a alimentação tem múltiplos e
profundos significados em nossa vida.
A medida que vamos nos tornando mais conscientes, conectados com
nosso corpo (vivendo e comendo menos no piloto automático), podemos expandir
essa consciência sobre a forma que nos alimentamos, os porquês de nos
alimentarmos, o como comemos, o que estamos buscando (reconhecimento, prazer,
preenchimento de vazio físico ou emocional).
Uma forma de explorar de maneira mais consciente a nossa fome e,
consequentemente responder a ela de maneira mais adequada é seguir a
classificação da Dra. Jan Chozen Bays, pediatra e monja que trabalha com
mindful eating (comer consciente) há décadas. Segundo esta autora é possível
dividir nossas fomes em 9 tipos:
1. Fome dos olhos
Nós somos muito estimulados pela visão; uma refeição apresentada
com beleza será muito mais atraente que uma refeição ofertada sem capricho,
mesmo que os ingredientes sejam os mesmos. Se durante a refeição estamos em
outra atividade, assistindo TV, no computador ou celular, deixamos de apreciar
o alimento, não “enchemos os olhos” e a satisfação desta fome ficará
incompleta.
2. Fome do olfato (do nariz)
Sentir o aroma dos alimentos é essencial para o nosso gosto. A
maioria das vezes em que nós pensamos que é gosto, é na verdade o “cheiro” da
comida. Lembre-se das vezes em que teve uma gripe; o que aconteceu com o sabor
dos alimentos? A indústria alimentícia utiliza muito deste conhecimento e ao
colocar diferentes aromatizantes, você às vezes come alguns alimentos apenas
pelo aroma que te encanta, mas que não corresponde muitas vezes ao sabor que
você encontra quando você come. Para satisfazer a sua fome do olfato,
experimente sentir o aroma dos alimentos antes de começar a comer.
3. Fome de boca
O que classificamos como comida saborosa, atraente é muitas
vezes resultado de um condicionamento social, às vezes influenciado por nossa
criação. O que é considerado uma iguaria em um país pode ser abominado por
outro. Azedo, doce, salgado, picante, os temperos, texturas em nossa boca, que
sensações nos trazem? O líquido, o sólido? Sentimos a necessidade de mastigar
(“boca nervosa”)? Estar mais consciente, cultivando a curiosidade e abertura em
torno dos diferentes sabores e texturas em nossas bocas, pode ajudar a
satisfazer nossa fome da boca.
4. Fome do tato
Muitas vezes nossa necessidade está em sentir, com nossas mãos,
o alimento, sua temperatura, textura e isto pode influenciar o quanto isto nos
satisfaz e a quantidade que conseguimos consumir. Ex: comer pizza com garfo e
faca ou segurando com as mãos, ou mesmo um frango à passarinho. Você já se deu
conta disto?
5. Fome do ouvido
O barulho que um alimento faz ao mordermos e mastigarmos,
motivados por sua crocância, muitas vezes é o motivo pelo qual comemos e somos
capazes de devorar um pacotinho.
Já reparou que normalmente este tipo de alimento que faz
“barulho” logo murcha a medida que entra em contato com a saliva?
Se você está desatento, no piloto automático, misturado aos seus
barulhos internos, você pode não se dar conta do porque está comendo e
desrespeitar a fome do seu corpo.
6. Fome de estômago
Um ruído na barriga é uma das principais formas para
reconhecermos a fome; todavia isto pode ainda não significar necessariamente
que nosso corpo precisa de comida.
Muitas vezes, nós podemos confundir a sensação com outros
sentimentos que afetam nosso estômago, tais como ansiedade ou nervosismo (estou
com um “frio na barriga”). Se não estamos atentos, podemos nos alimentar de
forma ansiosa, buscando mais açúcar e gordura e podendo desencadear uma espiral
negativa de comer emocional.
Escute o seu estômago e comece a se familiarizar com os sinais
que ele te traz. Uma opção é utilizar a régua da fome (1: praticamente sem fome
e 10, o máximo de fome possível), que sensações surgem quando você está sem
comer por 2hs, 3hs, 5 hs? Isso pode permitir que você encontre qual o melhor
momento para se alimentar e, sobretudo, admitir que, a partir do dia, das
emoções, do que comeu na refeição anterior, o tempo que vai precisar para
satisfazer sua fome pode variar.
7. Fome celular ou do corpo
Quando nossas células precisam de nutrientes, podemos nos sentir
irritados, cansados ou apresentarmos alguns sintomas, como por exemplo, dor de
cabeça. A fome celular é uma das mais difíceis de perceber, precisamos estar
mais conectados com nosso corpo para termos esta percepção sutil. Quando éramos
crianças, essa sabedoria intuitiva do que necessitávamos (sabedoria interna)
estava presente naturalmente, porém ao longo do tempo, fomos perdendo essa
capacidade. Vamos nos desconectando de nós e buscando fora, nas regras, nas
dietas impostas por outros, o que está dentro de nós; vamos silenciando nosso
corpo, nos distanciando do sentir… A partir de mindfulness ou atenção plena, é
possível nos tornarmos mais conscientes dos desejos do nosso corpo por
nutrientes específicos.
8. Fome da mente
Em nosso mundo moderno, ansiogênico, nos tornamos facilmente
comedores ansiosos. Estamos constantemente sendo bombardeados por diferentes
alegações nutricionais; o alimento é bom ou é ruim, é certo ou errado comer
determinado alimento, eu acho que… E ao priorizar o pensar sobre o alimento e o
corpo, deixamos de sentir. Nossa mente, “mente”. É muito difícil de
satisfazê-la, ela é inconstante e sempre encontrará algo novo para focar.
Mindfulness pode ajudar a tranquilizar a mente e permitir uma maior consciência
sobre como nosso corpo nos avisa sobre o que necessitamos.
9. Fome do coração
Não é possível falar de alimentação sem emoção. A vontade de
comer certos alimentos e preparações pode estar relacionada à nossa infância,
ou porque já acostumamos nossa mente a buscar determinados alimentos para nos
sentirmos melhor (sistema de recompensa do nosso cérebro) – “o comfort food”.
Comer de forma emocional pode traduzir muitas vezes ao desejo de ser acolhido,
de ser reconhecido, de receber um abraço.
Que você possa estar atento às suas fomes, que possa respeitar e
honrar o seu corpo, acolhendo o que estiver presente e escolhendo com
consciência e compaixão aquilo que possa te trazer saúde e bem-estar!
O problema não está na comida…
O problema está ancorado na mente.
Reside na nossa falta de consciência das mensagens que o nosso
corpo nos envia.
Jan Chozen Bays
Olá!
Como meu computador com problema, sem teclado, não irei escrever
nada.
Espero que semana que vem esteja tudo bem!
Até lá!
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